1 de novembro de 2020
Saindo do Acampamento
Acordamos cedinho no acampamento selvagem que o pessoal da Amazing Trips montou para a gente (e eu ajudei também, veja aqui). Também prepararam um delicioso café da manhã, com frutas, cereais, pães e tudo que tínhamos direito. Começamos a caminhar, ainda em propriedades particulares, pois no final da caminhada do dia de hoje, já poderíamos começar a ver a área do parque nacional Serra da Canastra.
Eu estava mais descansada, pois no dia anterior, andei apenas 10km, diferente dos demais membros da equipe, que andaram 28km. O total de quilometragem de hoje seriam 18km, sem resgate no meio do caminho. Hoje eu precisaria fazer todo o trajeto a pé.
Caminhada nos vales
A caminhada foi sob sol, em meio as paisagens lindas do Cerrado brasileiro, com bastante áreas sem vegetação alta, apenas algumas veredas e pouca água. Cruzamos apenas 1 cachoeira pelo caminho. Muito bonita por sinal.
Cruzamos também uma água muito limpa que formava uma corredeira com vários poços, local ideal para um descanso. Por toda a trilha encontramos áreas degradadas por motoqueiros que fazem ‘enduro’ e por vezes os encontrávamos na mesma trilha que estávamos caminhando.
Parada do almoço
A nossa parada de almoço foi em uma linda vereda com um córredo ao lado. Lugar cênico muito agradável e fresco. Ficamos ali quase 1 hora desfrutando do ambiente. O outro grupo passou correndo por nós nesse ponto. Eles eram compostos por pessoas mais jovens (20 a 30 anos de idade) e eu já tive a idade deles. Também era competitiva e queria chegar primeiro no acampamento para provar que era mais forte.
Hoje, a idade e a experiência me ensinaram que, correr na trilha para chegar antes nos acampamentos, me faz perder o que mais venho procurar nesse esporte: o contato com a natureza. Sair ‘correndo’ e não desfrutar momentos de pausa no meio da natureza, mesmo que eu não esteja cansada para descansar, é um desperdício.
Caminho mais devagar pois meus pés estão mais cansados e minha mente precisa de mais tempo para desfrutar do local, para sentir as vantagens que esse tipo de ambiente tem a me oferecer. Por isso, se nos encontrarmos andando por ai e eu ficar para trás no grupo, não tenha dó de mim. Pense que eu estou gozando de um momento único e que esse momento me trará forças para eu viver meu cotidiano nos próximos dias.
Primeira vista da Serra da Canastra
A tarde o sol se escondeu atrás de várias nuvens carregadas. Isso deu uma trégua no calor intenso e eu agradeci. Até pedi silenciosamente uma chuvinha, para refrescar ainda mais. Mas ela não caiu nesse momento, estava esperando que chegássemos ao acampamento.
Andar sobre as chapadas é um sobe e desce incessante, mas prazeroso. A paisagem começou a apresentar rochas com inclinação sempre no mesmo sentido, formações rochosas típicas da Serra do Cipó (MG) e Chapada Diamantina (BA), que acho tão interessante.
Nosso acampamento
E para minha surpresa, nosso acampamento foi em meio a essas rochas magníficas e de frente a Cachoeira Casca D’Anta do Parque Nacional Serra da Canastra, um lugar mágico. Esse acampamento foi um dos mais lindos em que já estive no Brasil.
A chuva passou rapidamente no final da tarde, tornando tudo mais lindo e bucólico. O Elio fez fotos lindíssimas desse momento. mais tarde, um lindo pôr do sol aconteceu. A luz estava excelente e foi um dos momentos mais marcantes dessa travessia na minha opinião. Após tantos dias em isolamento em casa, poder desfrutar esse momento foi ímpar.
Curtimos uma noite estrelada, com direito a visualização de satélites, estrelas e a Via Láctea, sem a interferência das luzes da cidade. O jantar foi servido e comemos muito bem. Depois, fomos descansar.