07 de janeiro de 2020
Nosso sonho do Aconcágua
Desde a muito tempo, mas muito tempo mesmo, eu e o Elio tínhamos o sonho de conhecer o Cerro Aconcágua. Talvez por ser a montanha mais alta das Américas, ou ser a mais próxima da nossa casa, ou por ser quase um 7 mil. Independente qual tenha sido a motivação desse nosso sonho, nos preparamos muito para essa jornada.
Desde 2012, quando começamos a fazer alta montanha, dizemos que estávamos nos preparando para o Aconcágua. E não era mentira. Começamos com montanhas de 5 mil, foram quase 10, depois vieram as de 6 mil, foram quase 7, sempre com o objetivo de nos preparar para o grande Aconcágua.
O Elio sempre conquistou os cumes dessas montanhas, mas eu não tinha conseguido nenhum cume de 6 mil. O máximo que cheguei foi 6050m no vulcão Aucanquilcha. Por isso, meu sonho nunca foi o cume do Aconcágua. Meu sonho era ver o Elio conquistar seu cume. A felicidade dele seria a minha.
Esse grande dia chegou. Um ano antes, começamos a pagar, em parcelas infidáveis, ao guia Marcelo Delvaux. Nossa escolha a esse guia foi sua enorme experiência no Aconcágua, por fazer grupos pequenos e claro, seu preço. Fazer o Aconcágua é caro… Só de guia foram 3 mil dólares para cume e 1.500 dólares para Plaza de Mulas. Fora as taxas do parque.
Preparativos para entrar no parque
No dia anterior, fomos com o guia Marcelo pagar as guias que ele já havia imprimido e entregá-las no escritório do parque que fica no centro de Mendoza, o famoso ‘permisso’. Estávamos em 4 clientes: eu, que iria só até a Plaza de Mulas e o Elio, Gian e Renata que tentariam o cume.
O permiso até Plaza de Mulas estava 240 dólares e para o cume, 600 dólares, para latino americanos, com assistência (isto é, usando alguma logística do parque, como arrieros, guia ou agência). Pagamos e fomos conferir nossos equipamentos. Os meus equipamentos estavam ok, já que iria só até a Plaza de Mulas. Mas o Elio precisou alugar alguns equipamentos para o dia de cume, e lá se foram mais algumas doletas.
Chegando em Penitentes
Na manhã do dia 7 de janeiro saimos do nosso hotel em Mendoza e fomos até Penitentes, uma estação de esqui próxima a entrada do Parque Providencial Aconcágua. Em Penitentes no verão, vira uma espécie de sede aos aventureiros montanhistas do mundo todo que tentam a subida ao Aconcágua.
Pela estrada foram quase 4 horas de viagem desde Mendoza e a vista estava linda. Um dia ensolarado e a previsão do tempo mostrava tempo bom até dia 16 de janeiro. Chegamos em Penitentes no início da tarde e já nos alojamos nos quartos do refúgio. Estávamos no Cruz de Caña, um dos parceiros da Lanko Alta Montanha, empresa que fez nossa logística até Plaza de Mulas.
Cemitério dos Andinistas
A tarde fomos andando até o cemitério dos Andinistas que fica a 5,5 km de Penitentes. É uma caminhada em nível, tranquila, exceto pelo forte vento que nos pegou de surpresa, devido uma tormenta que estava se formando. Fizemos entre ida e volta cerca de 7 horas de caminhada.
O cemitério é meio macabro. São covas de esportistas que morreram ao tentar subir o Aconcágua e outras montanhas na região. Na verdade, é mais um museu a céu aberto, pois os corpos não estão todos efetivamente enterrados ali. Inclusive há uma homenagem ao brasileiro Mozart Catão, que morreu no Aconcágua em 1998.
Amanhã começa uma nova aventura
Voltamos a Penitentes e arrumamos nossas duffels, uma delas iriam direto a Plaza de Mulas e outra que iria direto a Confluência. Estávamos levando 9 litros de água em mulas especificamente contratadas para isso, para levarem até Plaza de Mulas, já que tínhamos ouvido falar que a água de lá estava contaminada com sais minerais, impossível de ser filtrada.
Jantamos e fomos descansar.