08 de junho de 2019
A saga da senha para os Agulhas Negras
O pico Agulhas Negras é a quinta montanha mais alta do Brasil, com 2.790m de altitude. Fica dentro do Parque Nacional do Itatiaia (PNI) no estado do Rio de Janeiro. É uma montanha bastante procurada pelos amantes de montanhismo e por isso o PNI limitou o número de pessoas que por dia podem acessá-la, para evitar esgotamento natural da trilha.
Para ter esse controle, os guardas parques do PNI montaram um esquema de senhas. Assim que você chega na portaria do Posto Marcão, entrada principal do PNI na parte alta, ainda na fila de carros, vans e micro ônibus, você recebe uma senha de acordo com o local que deseja visitar. Para o Pico Agulhas Negras são distribuídas apenas 80 senhas por dia.
No ano passado (em todas vezes, no mês de julho de 2018) fomos em 3 dias diferentes de final de semana até a entrada do PNI, e mesmo com os guias regulamentados, não conseguimos pegar a senha. Lembro que uma das vezes chegamos às 5h da manhã e a fila de carros já estava grande o suficiente para não conseguirmos pegar uma senha. Lembrando que o parque abria às 7h.
Desta vez, fomos com o pessoal da agência Vara Mato do nosso querido amigo Gadeto e chegamos às 6:30h na fila. Confesso que já estava desanimada pelo atraso, pois tinha certeza que não conseguiríamos novamente, mas talvez por ser no mês de junho, conseguimos! Ficamos muito felizes!
Subindo o pico Agulhas Negras
Vários amigos e guias nos tinham falado que as Agulhas era mais técnica e menos exposta aos precipícios que outras montanha da região, como os Prateleiras e a Asa de Hermes. Então eu sabia que os lances técnicos, que exigem mais dos braços e pernas, seriam vitais nessa trilha. Estava equipada com os EPIs básicos: cadeirinha e capacete.
A trilha completa (entre ida e volta) é curta, apenas 11 km desde o abrigo Rebouças, mas bem empinada. Some mais 3 km ida e 3 km volta se seu carro ficar na portaria Posto Marcão.
Mal saímos da trilha de acesso a base das Agulhas, após 1 km do abrigo, começa a escalaminhada. Um delicioso trepa pedra em um enorme parque de diversões ao céu aberto. Para quem gosta desse tipo de trilha, é diversão pura. Eu amo!
Primeiro trecho técnico com corda
O primeiro trecho técnico, com corda, é o balcão. Uma parede de uns 15 m de altura e confesso que pensei que não conseguiria subir. Ancorada por segurança à cadeirinha, você deverá se puxar, com apenas a ajuda da força de seus braços. A corda para você puxar, terá nós espaçados de 40 em 40 cm e será ali a força aplicada.
Olhando meus companheiros subindo, me desesperei, pois parecia muito difícil. Mas quando chegou a minha vez, foi super fácil e rápido. Fiquei orgulhosa do meu desempenho.
Segundo trecho técnico com corda
A escalaminhada continua por rochas e fendas, grutas e passagens apertadas, pedras gigantes e rampas com canaletas, até a segunda parte técnica. Nesse trecho toda atenção é importante, pois um deslize pode acarretar em uma queda e se machucar nessas condições não será nada agradável.
Essa cordada é menor em extensão, mas mais exposta que a primeira. Após alcançá-la, você estará a poucos metros do cume.
Cume das Agulhas Negras
A vista do cume é linda. Lá de cima podemos enxergar muita coisa: o Couto, Prateleiras, a Pedra do Altar, O Pico da Pedra Preta na travessia Serra Negra, o Pico do Papagaio da Travessia Baependi x Aiuruoca e a majestosa Serra Fina com a Pedra da Mina exuberante a sua frente.
Descendo as Agulhas Negras
Sempre digo que descer é bem mais fácil, apesar da visão do ‘precipício’ abaixo. Como não depende muito do cardio, me sinto muito mais a vontade em descer, já que meu cardio deixa a desejar.
Chegamos ao abrigo Rebouças às 16:30h. Tivemos um dia incrível de trilha, um dos melhores aqui do PNI, na minha opinião. A satisfação foi grande pois além de ter sido difícil conseguir a senha para essa montanha, a jornada em si foi desafiadora e recompensante.
Fomos descansar no Hostel Picus do amigo e também embaixador da Curtlo, Felipe e no dia seguinte voltamos para casa.
Impressões desse destino
O Parque Nacional do Itatiaia está entre os meus queridinhos no Brasil. Além de ser o mais antigo de todos os parques, tem uma organização e conservação das trilhas e vias em um estado invejável. Nada de lixo, nada de pichações, nada de degradação fora do caminho da trilha.
A vista lá de cima de todas as montanhas que já subimos no PNI são incríveis, inspiradoras e marcantes. Não consigo escolher apenas uma, mas confesso que gosto muito da vista da Pedra do Altar que fica bem no ‘meio’ do parque e tem um vista 360° ímpar.
Pertinho do eixo Rio – São Paulo, fácil acesso (apesar da triste estradinha de 13 km da saída da Garganta do Registro até o Posto Marcão), e perfeito para aqueles que querem iniciar-se nas montanhas e no trekking. Vale muito a pena!
amei o roteiro e as fotos.. sabe aqueles locais onde renovamos as energias?!?!! hahahha.. Obrigado por compartilhar…
Obrigada pelo carinho