13 de fevereiro de 2018
Saindo do Acampamento El Caletón
Acordamos cedinho e fomos rumo ao final da nossa jornada aqui no Cruce de los Andes. Hoje atravessaríamos para o Chile pelo Paso Internacional Piuquenes. Os guias do Gente de Montanha prepararam nosso café da manhã e logo depois levantamos acampamento. Hoje estava previsto uma caminhada de 13 km.
O acampamento estava a 3.200 m de altitude e o Paso ficava a 4.100 m. Seria um desnível de 900m. A previsão era chegar às Termas del Plomo as 16h. O dia amanheceu frio, já que no vale onde acampamos o sol demorou para sair. Mas assim que saiu, tudo ficou mais quente e agradável.
Atravessamos alguns rios à pé no dia de hoje para chegar ao nosso destino final e o pior de todos foi o último, Rio Yeso, que tinha uma forte correnteza. Alguns outros que atravessaríamos estavam secos, pois o degelo já tinha terminado e o rio não passava de um filete de água entre pedras.
Paso Internacional Piuquenes
Chegamos após 4 horas de subida no Paso Internacional Piuquenes. Uma longa e demorada jornada, mas compensadora, pois a paisagem é extremamente linda. As montanhas, o vento, os nevados. Todos em perfeita sintonia. A natureza é mágica e apenas nesses momentos a gente se toca disso.
Esperamos quase uma hora lá em cima, pois os arrieros do Chile não haviam chegado. Isso mesmo! É proibido as mulas e cavalos da Argentina atravessarem para o Chile, por motivos sanitários. Então aguardamos os arrieros chilenos chegarem para descer com nossos equipamentos. Deu para perceber que a logística dessa travessia é difícil e nessa hora o pessoal do Gente de Montanha tirou de letra.
Mas a espera não foi em vão! Fotografamos muito e nos despedimos dos nossos novos amigos arrieros argentinos, que nos proporcionaram um dos mais gostosos churrascos que já comemos em nossas vidas.
Descendo o Paso Internacional Piuquenes
Assim que os arrieros chilenos chegaram, começamos a descer. A primeira parte é uma descida suave, mas depois de alguns minutos fica bem mais íngreme. Acabei seguindo com o grupo da frente, que estava com o Maximo Kausch e outros meninos. Descemos mais de 400m em menos de 15 minutos, já que o terreno era tipo areião fofo, daqueles que a gente ‘carca’ o calcanhar e ‘vai que vai’. Muito gostoso. Mas depois disso haja pedrinhas e areia dentro das botas…
Depois de atravessar um pequeno rio, a trilha voltou a ficar ‘normal’ e a partir desse ponto foi como passear no parque: muitas montanhas ao nosso redor, cruzamento de pequenos riachos e paisagens incríveis.
Travessia do Rio Yeso
Chegou o último obstáculo da nossa jornada: a travessia do Rio Yeso. Super volumoso e caudaloso, de causar medo. Os guias atravessaram na frente e esticaram cordas para nos guiar e segurar. As águas passavam de nossos joelhos e a correnteza era tanta que traziam pedras de diâmetros grandes que acabavam batendo em nossas canelas. Fiquei com alguns hematomas nas canelas devido as fortes batidas dessas pedras. ‘Recuerdos’ desse maravilhoso cruce!
Termas del Plomo
Chegamos nas termas as 16:30h e o pessoal da polícia PDI (Polícia Investigativa Civil do Chile) estava a nossa espera para fazer nossa entrada no país. Se eu já tinha achado top a logística das mulas pelo pessoal da agência Gente de Montanha, imagine quando soube que os policiais do PDI só estavam ali para nos receber a pedido deles. Imagino o trampo que dá fazer autônomamente esse cruce. Provavelmente teriam que ir até Santiago e lá procurar uma polícia e fazer o trâmite.
Nas termas, já estavam a nossa espera as vans e um super banquete com comidas farta, cervejas e refrigerantes a vontade, tudo montado pela agência. Aliás, o ponto forte dessa jornada foram as comidas… Nunca fui tão bem alimentada na montanha… Assim fico mal acostumada…
Alguns arriscaram um banho nas termas, outros preferiram descansar e aguardar a hora da partida. Lá pelas 18 horas seguimos rumo a Santiago, passando ao lado do maravilhoso Lago Represa El Yeso, de um azul lindo, contrastante com a cor ocre das montanhas ao seu redor.
Impressões dessa aventura:
Olha, cada trilha e travessia tem suas peculiaridades e dessa vez não foi diferente. Algumas nos marcam as paisagens, outras as dificuldades ou perrengues. Mas dessa vez o que mais me marcou foram as pessoas! Saber que o lugar que visitamos estará lá: agora e para sempre (pelo menos espero que ‘para sempre’) e que posso voltar a qualquer hora nos próximos dias da minha vida, é tranquilizador e gratificante. Mas saber que se ao voltar, terei que passar pelos mesmos locais que estive outrora sem a companhia das mesmas pessoas incríveis, com quem tive o privilégio de compartilhar esses momentos, é frustrante e por mais que eu queira, nunca será a mesma coisa.
As fotografias infelizmente não conseguem registrar o que passamos e sentimos e por isso por mais que eu tente explicar, você só saberá o que eu quero dizer se vivenciar uma experiência desse tipo. As vezes o lugar é mágico (como foi o Monte Roraima), outras vezes as pessoas são mágicas! E se você for para o lugar mais top do mundo com pessoas chatas, tudo ficará triste e ruim… Companhia é tudo! E esse tópico: ‘impressões dessa aventura’ tem todo o direito de eleger as pessoas como sua maior e melhor impressão. Gente do bem também impressiona! Ah! O lugar é lindo, mas isso você já percebeu ao ver as fotos, não é mesmo?
Tem vlog do dia de hoje! Aproveita e inscreva-se no nosso canal do YouTube!
Veja a série do Cruce de los Andes completa:
Dia 1 – Paso Portillo Argentino
Dia 2 – Bandeira de Lata e Refúgio Real de la Cruz
Dia 3 – El Caletón
Dia 4 – Esse post
Quero muito fazer essa travei. Tenho as duas últimas semanas de julho de recesso. Gostaria de participar de um grupo, se houver. Aguardo resposta.
Oi Ana!
Por favor entrar em contato com o pessoal do Gente de Montanha, eles que fazem a logística dessa travessia.
http://www.gentedemontanha.com.br
Abraço
Oi! Dúvida: como era com banheiro? No mato?
Sim, ao ar livre!
Banheiro ao ar livre! Que maravilha! 🙂
Quantas pessoas tinha no grupo de voces? e vcs tem que levar a comida para todos esses dias na mochila? Que peso!!!
Obrigado por compartilhar seus videos, ja me inscrevi no canal!
Oi Arthur. Estávamos em 20 aventureiros e um staff de 10 guias + uns 10 arrieros (gauchos e suas mulas para carregar nossas coisas e a comida). Banheiro ao ar livre é sempre bom…. kkkkkkk. Obrigada por se inscrever no nosso canal. beijo. Carla
Me diz, mesmo com um grupo grande assim, dá pra aproveitar bem o caminho, curtir o lugar? Estou querendo fazer essa travessia mas tenho um pé atrás. Qnd estive no Peru os passeios eram muito corridos, quase não tínhamos tempo de aproveitar. Era tirar foto e sair correndo. Achei péssima a forma como o turismo é gerenciado por lá e tenho medo de ser assim tbm.
Oi Maisa.
Vou te confessar uma coisa: todos as trilhas e travessias que fizemos em grupo grande (e esse foi uma delas) eu amei. A gente forma um grupo de amigos que parece que nos conhecemos a anos. Fica tudo mais divertido e alegra. Também sempre tive receio com grupos grandes, mas só tive experiências positivas em todos que participei. Já o corre-corre que você presenciou no Peru eu nunca passei. Talvez uma agência com uma logística mais bem programada seja a solução. O Cruce fizemos com o Gente de Montanha e coloco minha mão no fogo por eles. EXCELENTES! E olha que não rolou nenhuma parceria entre nós. Pagamos como todo mundo o valor cheio…
A vantagem da gente ir com grupo grande é que as despesas fixas são divididas em mais pessoas e isso barateia os custos.
Espero ter esclarecido um pouco sua dúvida. Grande beijo!