Acordamos cedinho. Nem preciso dizer que eu estava um caco… Dormi muito mal, por causa do degrau do chão da barraca e por causa do medo do escorpião aparecer. Mas já tinha uma estratégia para a próxima noite!
Mas não fui só eu que sofri de noite. A minha única companheira da expedição (Milene) passou mal do estômago a noite inteira. E de manhã estava ainda enjoada e pálida. Como tínhamos um arsenal de remédios (o grupo tinha 3 adolescentes como membros e com eles veio uma farmácia completa), ela foi medicada, na medida do possível. Atribuímos seu mal estar ao esforço físico do dia anterior. Na verdade, o Monte Roraima foi a primeira longa trilha com acampamento que ela fazia e talvez o estresse mental e físico a tenha abalado.
Não precisamos arrumar a barraca, pois ficaríamos mais 3 noites nesse acampamento.
O ótimo café da manhã foi servido pelos guias contratados pela Roraima Adventures.
Começamos a caminhar as 7:00h, animados para ver as atrações do topo de hoje (aproximadamente 7km). O grupo saiu com 14 pessoas mais os três guias. Milene ficou no acampamento se recuperando. Mas em menos de 10 minutos de trilha, um dos guias (Ricardo) disse que tinha batido o joelho e que voltaria ao acampamento para poupá-lo. Na verdade tenho quase certeza que ele voltou para ficar de olho em Milene. Um amor esses guias, viu?
Paso de los Cristales
Uma hora de caminhada e chegamos ao Paso de los Cristales, um local onde há um veio geológico que aflora vários cristais de quartzo branco. Lindos! Mas não é o local de maior concentração de cristais do Monte Roraima, esse local visitaríamos no dia seguinte (Vale dos Cristais). Ficamos ali por uns 10 minutos. O tempo mesclava entre um dia lindo de Sol com uma neblina baixa e fria a cada minuto. Era um tal de ‘põe e tira’ o corta vento impermeável, até a hora que decidi deixar molhar!
Hotel Guacharo, Monte Roraima |
Primeiros passos do dia, saindo do hotel |
A caminho do Paso de los Cristales |
Com a neblina baixa formam-se arco-íris pelo caminho |
Flores pelo caminho |
Planta carnívora Heliamphora nutans |
Paso de los Cristales, Monte Roraima |
Voltamos a caminhar e passamos pelo Heliponto do Monte Roraima. Quando as pessoas sobem de helicóptero é ali o local de embarque e desembarque, mas infelizmente não há regras e no dia que descemos pudemos confirmar isso. Mas essa história é pra daqui a alguns posts. A área é de areia rosa com marcações de pedras em seu entorno, um local bem simples mas funcional.
Próximo ao Heliponto do Monte Roraima |
Heliponto |
Próximo ao Heliponto |
Salto Catedral
Mais uma hora de caminhada e chegamos num local lindo chamado Salto Catedral. Formações rochosas mais altas, com labirintos naturais, cascatas pequenas, piscinas e bem escondidinho entre as pedras uma cascata maior. Surreal! O ar de mistério aparece toda hora, pois o nevoeiro chega e sai de repente. O nevoeiro é tão forte que a visibilidade cai para 30 metros e a roupa chega a ficar molhada. Ficamos ali cerca de 30 minutos.
A caminho do Salto Catedral |
Salto Catedral, Monte Roraima |
La Ventana
Em menos de 10 minutos de caminhada chegamos na La Ventana, um dos lugares que o Elio mais desejava conhecer. A gente estava com sorte quanto ao tempo, mas nem em 40 minutos de espera os céus deram uma brecha para podermos contemplar a vista exuberante desse local. A neblina estava bem fechada e infelizmente não vimos nada… Mas nesse local tivemos o primeiro encontro com o sapinho nativo do Monte Roraima. Seu nome científico é Oreophrynella Queche. A maioria dos animais no local tem coloração preta devido a mimetização que fazem com o ambiente, formado por rochas escuras.
La Ventana, Monte Roraima |
Sapinho Oreophrynella Queche, Monte Roraima |
Próximo a La Ventana |
Jacuzzi
Mais 20 minutos de caminhada chegamos nas famosas Jacuzzis. Ali mesmo os guias nos ofereceram os deliciosos abacaxis e melões para nosso lanche da manhã. A água estava muito fria e eu como estava com um pouco de dor de ouvido decidi não entrar. Mas é possível entrar e usar sabonete (de preferência de coco) no último poço. Ficamos por lá quase 1 hora.
Jacuzzi, Monte Roraima |
O que falar sobre o uso de ‘detergentes’ no Monte Roraima… Sou totalmente contra! Levamos 100 ml de xampu Johnson (amarelo) e usamos apenas 30 ml entre os 3º e 4º dias no topo. Não ficamos cheirosos, mas tentamos usar a lei do mínimo impacto ambiental. Nos outros dias tomei banho só com água pura. Pesquisei na internet que os ingredientes desse xampu eram delicados e biodegradáveis. Sei que não existe nenhum detergente 100% biodegradável, mas acredito esse ser o que causa menor impacto. O melhor mesmo é banhar-se só com água!
Voltamos ao nosso acampamento no hotel Guacharo e chegamos ao meio dia. Nosso almoço já estava pronto, uma delícia. A Milene não tinha melhorado nadinha. Preocupados, continuamos a medicá-la e pensamos na hipótese dela ter que retornar antes do tempo, mas estava muito fraca para isso. Seria melhor ela descansar mais um pouco antes de encarar o retorno.
A tarde ficamos no hotel, curtindo os jardins, a varanda e os amigos!
Flores no jardim do hotel |
Jardim no topo do Monte Roraima |
Jantamos e fomos dormir. A minha super estratégia para essa noite foi inverter de posição, trocando o lado dos pés para a cabeça. Depois de algumas horas de tortura acordei com dor de cabeça. Tomei um Dorflex e inverti para a posição original. Estratégia ruim! Mas para noite de amanhã eu tenho uma ideia melhor ainda e garanto que vou dormir bem melhor… Ah vou!
Mapa da caminhada de hoje: Paso de los Cristales, Salto Catedral, La Ventana e Jacuzzi |
Maravilhado, como desde o início dos relatos. Realmente, O topo do Monte Roraima parece ser um outro mundo. Todos os lugares visitados são belíssimos, mas Salto Catedral me encantou mais! =)
Lindo né amigo!
E apresentar esses lugares aqui é incentivar o amor a natureza… Porque a gente só preserva aquilo que conhece…
Bjs
Que espetáculo, amiga!
Estou adorando os relatos e as fotos.
Bjs
Obrigada Cris. E ainda tem mais!
😉