Mixila é uma linda cachoeira na Chapada Diamantina, próxima a Lençóis (BA), que fizemos em um trekking de 2 dias. No primeiro dia fizemos 7km e acampamos na Cachoeira do Capivari. O relato a seguir é do ‘dia 1’ dessa caminhada.
Dia 9 de janeiro de 2021
Saímos de Lençóis logo depois do café da manhã e seguimos com os 2 guias da Chapada Trekking (um deles nosso querido amigo Dmitri de Igatu) e mais um casal carioca, para esse trekking de 2 dias e 1 noite, até a cachoeira do Mixila. É possível fazer bate e volta até a cachoeira do Mixila, mas é muito cansativo. Como gostamos de acampar, esse foi um excelente momento para matar as saudades do acampamento selvagem.
Desde Lençóis, de carro, são 9km. Já a pé, são cerca 18,3km ida e volta a cachoeira do Mixila. No primeiro dia, acampamos na Cachoeira do Poção, ao lado da Cachoeira do Capivari.
Morro do Bode
Pensa num calor intenso. Subir o Morro do Bode (ou Serra do Bode) foi um sufoco. Eu, fora de forma, calor e sol quente em cima da cabeça, água quente nas garrafinhas. Olha, sofri. Subia 10 passos e parava para descansar debaixo e uma micro sombra de alguma pequena árvore no caminho. Levei 1,5h para subir, o que normalmente as pessoas levam 1h.
Aquedutos dos Garimpeiros
Depois da subida infinita, fizemos um trecho em nível sobre os aquedutos que o pessoal dos antigos garimpos construíram. Foi um alívio parar de subir, mas o sol ainda estava a pino e o calor sufocante.
Avistamos o Rio Capivari e demos uma parada para nos refrescar. A água estava fresca e conseguimos diminuir nossa temperatura. As águas são escuras, como quase todas as águas da chapada. Delícia! Mesmo com o nível baixo das águas, as quedas e a vista estavam lindas.
Cachoeira do Capivari
Pouco depois já estávamos na parte de cima da Cachoeira do Capivari. Linda vista do Cânion do Rio Capivari a frente. Como a vazão estava pequena, a queda sai debaixo de uma ponte de pedra que se forma. Quando a vazão está máxima, as águas passam por cima dessa ponte. Dizem ser outra vista incrível.
Deixamos nossas mochilas lá em cima e descemos até a parte baixa da Cachoeira do Capivari. Uma descida bem íngreme com muita ‘trepa-pedra’, mas que vale a pena, pois a cachoeira é linda. Ficamos lá por 1 hora nos refrescando. O guia Dmitri levou nossas barracas para o acampamento para montá-las, pois havia muitas pessoas subindo para a cachoeira do Poção e provavelmente a área de camping selvagem estaria lotada.
Cachoeira do Poção e nosso acampamento
Todos os locais ‘bons’ de acampamento já estavam ocupados. Nosso guia conseguiu uma pequena área no meio da mata para montar nossas barracas. Realmente estava bem cheio.
Depois de tudo arrumado na barraca, descemos até a cachoeira do Poção. Linda também, mas como o sol já estava se pondo, ficou um pouco frio entrar na água. Passamos mais um bom tempo ali, curtindo a cachoeira e descansando.
Noite estrelada
Assim que anoiteceu, o guia preparou nosso jantar e depois ficamos observando o lindo céu noturno. Vimos muitas ‘estrelas cadentes’ e pudemos observar muitas estrelas que no céu da cidade praticamente não aparecem. Foi muito mágico esse momento. Quase ‘bivacamos’ (dormir ao relento) ali na margem do rio mesmo. Mas como sou muito friorenta, lá pelas tantas, entrei na barraca.
Se você nunca acampou, peço que pelo menos uma vez na sua vida, você acampe em um lugar longe das luzes da cidade. Acampar nos traz uma lembrança primitiva de quando ainda não éramos ‘civilizados’ e isso é muito enriquecedor ao nosso auto conhecimento e ao nosso limite de saída da zona de conforto. Vale muito a pena!
Se você já acampou, você sabe exatamente do que eu estou falando.
Depois dessa viagem interior e pelas estrelas, fomos descansar.