NOTA: Se você acompanha nosso canal no Youtube, deve ter visto que desde o primeiro dia dessa jornada aqui no Atacama eu (Carla) disse que faríamos o vulcão Llullaillaco. Acontece que devido as fortes chuvas de janeiro na região, os acessos ao vulcão Llullaillaco estavam fechados e mudamos o rumo da nossa expedição. No acordo ficou combinado substituir o Llullaillaco por 3 vulcões mais próximos a San Pedro de Atacama: Águas Calientes, San Pedro e San Pablo. E no post de hoje falarei sobre a ascensão ao vulcão Águas Calientes.
04 de março de 2019
Chegando ao acampamento na base do Águas Calientes
Saímos no meio da tarde do nosso hostel e os guias da Vulcano Expediciones nos levaram até a base do vulcão Águas Calientes para acamparmos, e no dia seguinte, sairmos cedinho para tentarmos fazer seu cume (5924m) e ver a linda laguna vermelha que lá se formou, devido a presença de certos microrganismos presentes na água.
O vulcão Águas Calientes também é conhecido como Cerro Águas Calientes ou ainda Vulcão Simba. Fica ao lado leste do Vulcão Lascar, na região altiplânica do Atacama do Chile.
Chegamos ao final da tarde no local de acampamento. O carro conseguiu subir até 4.900m, diminuindo assim o desnível de nossa ascensão. Ventava muito e precisamos fazer um muro de pedras ao redor da barraca para protegê-la. Depois de montar o acampamento, curtimos um lindo pôr do Sol.
Mais tarde os guias nos serviram um jantar rico em carboidrato e fomos descansar.
05 de março de 2019
Início da ascensão ao Águas Calientes
Acordamos 5 h da manhã e os guias nos prepararam um delicioso café da manhã. Muito frio, mas não ventava. Todo aquele vento do final da tarde do dia anterior, na madrugada simplesmente desapareceu.
Começamos a caminhar as 6:15h. Eu acordei com uma leve dor de cabeça, afinal dormi a 4.900m, um dos acampamentos mais altos que já fiquei na minha jornada de alta montanha. Mas dormi muito bem. Outra coisa que me incomodava era uma leve dor de barriga.
A subida é bem dura, pois a partir dos 5.000m o terreno fica íngreme e o acarreo é de pedras pequenas a médias soltas, que se afundam ao pisarmos. A caminhada não rende. Parece que estamos andando em areia de dunas. Muito desgastante.
Aos 5.100m fiz minha primeira parada para fazer o número 2, já que a dor de barriga havia aumentado ao caminhar. Aos 5.300m, 9:00h da manhã, eu estava bem lenta e ainda com cólicas. Resolvi ficar por ai mesmo e fazer o número 2 pela segunda vez, agora na frente de todo mundo, já que não havia NADA para esconder meu ‘bumbum’.
Tá bom, você vai me julgar! ‘Poxa Carla, desistiu de novo? Tão cedo?’. E eu te respondo: Sim, desisti mesmo. Amo fazer montanha, acho que é a coisa que mais faço na minha vida que me dá mais prazer. Mas a partir do momento que o prazer se torna sofrimento, ou por causa de mal estar devido a altitude, ou devido ao frio, ou devido a uma dor de barriga, eu prefiro parar e respeitar meus limites. Sou fraca e não tenho vergonha de assumir isso. Só não me diga que eu não deveria fazer o que faço, pois é uma das únicas coisas que me motivam nessa vida. Espero que você entenda!
Elio continuou
O Elio continuou sua dura jornada no acarreo, que segundo ele, foi o mais difícil de toda sua vida. ‘Sobe um passo e desce dois’, se referindo as pedras que escorregavam abaixo de seus pés. Mas o Elio acredita que o caminho que o guia pegou foi errado. Ele tentou ‘cortar’ caminho, subindo em linha reta até o cume, e sabemos que não é assim que se faz alta montanha. Mas tudo bem. O Elio desistiu a 100m do cume, aos 5.800m.
É bem frustante desistir a 100m do cume devido a pegar o caminho errado, mas faz parte.
Descendo do Águas Calientes
Descemos, eu, a Claudia e um dos guias, em 1h30min até o carro. Desarmamos as barracas e ficamos no aguardo do Elio. O guia do Elio chegou e nada dele chegar. Como o guia dele desceu na frente, o Elio meio que se perdeu em uma parte e estava descendo por um caminho bem mais difícil, coitado. Comecei a andar em nível, na mesma cota que estava nosso acampamento tentando alcançá-lo.
O guia dele, que já estava se arrumando para partirmos, percebeu minha ação e veio atrás de mim. Ao me alcançar me perguntou o que eu estava fazendo. Avisei que vi o Elio descendo por um acarreo diferente daquele que fizemos e estava indo buscá-lo. Ele, como anda bem mais rápido que eu, conseguiu subir num top e lá de cima chamar o Elio para o caminho certo.
O Elio chegou, bem mais exausto que todos nós… Deu um depoimento muito sincero no vídeo que vou deixar aqui no final desse post.
Voltamos a San Pedro e fomos descansar.
Carla vc não deve desistir não! Conheço todos esses lugares através das suas aventuras e dos seus olhos! Obrigada por ser sincera em seus depoimentos e continue sempre nos encantando com suas viagens! Um grande abraço!
Wow, que fofa Gabi. Pode deixar, continuarei a tentar até o máximo que eu conseguir. Prometo! Garnde beijo!