16 de janeiro de 2019
Laguna Martillo
Acordamos com a nossa barraca debaixo da neve. Foi lindo sair lá fora e ver tudo branco e gelado. Passei frio a noite e quando chegamos no dia anterior. Tomamos nosso café da manhã e na hora de ‘lavar a louça’, congelei meus dedos na água gélida da lagoa. Meus pés, mesmo com as botas, estavam congelados. Mesmo com todo esse ‘sofrimento’, estava tudo muito bonito e nostálgico.
Desarmamos as barracas, e, junto com o nosso guia e amigo Felipe Lombardi da agência Backpacking Brasil, começamos nossa caminhada. Andamos por um bom tempo sob a neve e lama que se formou com ela. Contornamos a Laguna Martillo pela direita e subimos um morro para evitar o lamaçal ao lado da laguna, que estava afundando até o joelho.
Descemos para a margem da Laguna Martillo novamente e fomos até o seu final. Um pouco antes de terminar as águas da laguna, pegamos a trilha que sobe um morro a direita. Subida com bastante lama. Lá em cima havia mais uma pequena lagoa que seguimos por sua margem esquerda.
Valle Guerrico
Depois, entramos em um bosque lamacento e caminhamos por quase 1 hora em um lindo vale rodeado por lindas montanhas. Tudo nevado. Fazia muito frio e vento. Parar para apreciar a paisagem era desconfortável e pegar a câmera para fotografar ou filmar era doloroso para as mãos e todo o corpo.
Esse trecho é feito quase todo tempo em nível e o corpo pode descansar para o que virá adiante: o Paso Virgínia, o mais alto de todo o circuito.
Subindo o Paso Virginia
A subida começou após o Valle Guerrico. São cerca de 400 m de desnível, mas confesso que me pareceu mais. Ora nevava, ora o sol tentava sair por detrás das nuvens. A primeira subida é a mais ruim, pois é quase um trepa pedra no meio da lama. Entre raízes e galhos de árvores, temos que nos equilibrar e seguir adiante. Foram quase 1 hora até chegar ao Paso Virginia.
Antes do Paso, há um trecho em nível, como um platô gigantesco de pedras pequenas. O que mais atrapalha o caminhar são as rajadas de ventos, fortíssimos. E claro, o frio cortante. Eu estava tão desconfortável com o vento e o frio que só queria começar a descer o Paso.
Uma curiosidade é que quando começamos na primeira subida, eu perguntei para o Felipe se ali já era o início do Paso Virginia e ele me respondeu que não, que era apenas um morrinho.
Bom, comecei a ‘guardar’ energia para subir o Paso Virginia, que tinha ouvido falar que era duro e difícil. Continuei subindo o morrinho… Mas o morrinho nunca acabava. Ficamos 1 hora subindo o morrinho. Até que enfim começamos a descer.
Ufa! Agora vem o Paso Virginia, não é mesmo? NÃO! Eu tinha acabado de subir o Paso Virginia e nem percebi… Achei que tudo aquilo era o morrinho que o Felipe tinha me falado. Depois ele esclareceu que o morrinho que ele quis dizer era só aquela parte com excesso de lama. Hahahahaha! Por isso, para mim, o Paso Virginia foi super tranquilo de fazer.
Paso Virginia
A vista lá de cima é incrível! A Laguna los Guanacos fica a 300 m abaixo do paso. A descida é feita em pedras pequenas e soltas, daquelas que a gente enfia o calcanhar e vai descendo escorregando. Do jeito que gosto. Descemos em minutos, esse desnível todo.
Olhando para trás, podemos ver ‘daonde a gente veio’ e quase não deu para acreditar que estávamos tão alto e distante. Tudo nevado. Lindo demais. A descida desse paso é um dos mais perigosos da travessia, mas como não estava nevado, foi bem mais fácil. Achei o trecho do Paso de los Dientes, do dia 3 na nossa logística, e dia 2 da logística normal dessa travessia, o mais difícil e perigoso.
Laguna los Guanacos
Descemos pela esquerda da Laguna los Guanacos e seguimos também por esse lado, do rio que desce dela. Atravessamos em um local estreito e seguro e entramos em um bosque. O local de acampamento a ser escolhido era ou dentro do bosque (úmido e frio) ou em um campo sujeito aos ventos, mas com o terreno mais seco. Preferimos o campo.
Armamos nossas barracas, fizemos nosso jantar e fomos descansar.