Saindo da cachoeira do Veado
Depois da confortável e aconchegante noite no acampamento selvagem aos pés da Cachoeira do Veado, nós acordamos e arrumamos toda nossa tralha para descer até Mambucaba (bairro de Angra dos Reis, RJ), cerca de 18 km até lá. Tomamos o nosso café da manhã que trouxemos (achocolatado com cereais e bolacha com Polenguinho) e seguimos com o guia e amigo Gerson Santos em mais essa jornada.
O dia de hoje amanheceu excepcionalmente lindo: muito sol, céu azul e calor, tão diferente dos dois últimos dias da travessia. Mas a umidade dos dias anteriores estavam marcadas pelo caminho em forma de muita lama e pedras bem escorregadias.
Fomos até a Cachoeira do Veado dar um ‘tchau!’ e me emocionei com a linda imagem novamente. Tinha até um arco-iris fazendo charme!Lindo demais!
Descida à Mambucaba
Começamos a caminhar pela mata por uma trilha fechada que ora eram nas pedras do calçamento ‘real’, ora em puro trecho de lamaçal. A descida foi bem demorada, pois escolher caminhos que serão menos escorregadios é uma tarefa difícil e nem sempre bem concluída. Não escapei de algumas surfadas na lama, mas não sofri nenhuma queda!
Atravessamos alguns riachos pelo caminho e como era o último dia de travessia, resolvi entrar de bota mesmo na água. Apesar das chuvas insistentes dos dois primeiros dias, minha bota se conservou seca por dentro. Estávamos usando perneira (a nossa é da Alpamayo) e acredito que ela ajudou na conservação da integridade ‘seca’ da minha bota.
Mas por que estávamos usando perneiras? Andar na Mata Atlântica sempre tem algumas surpresas. Avistamos poucas cobras durante nosso 9 anos de ‘Expedição Andando por aí’ e dos avistamentos, pelo menos 4 foram em Mata Atlântica. Uma na trilha para o Pico do Corcovado em Ubatuba, uma na meia travessia da Ilha Grande, uma vez na minha cidade em Iguape (litoral sul de SP) e agora, nesse trecho da trilha do Ouro. Não sabemos se era uma cobra perigosa, mas melhor não chegar perto para ter certeza!
Riachos e cascatas
A descida de hoje foi, na minha opinião, o dia mais bonito. Não sei se foi a ‘força’ do sol e céu azul, mas as paisagens estavam muito agradáveis. Andar na Mata Atlântica sempre me deixa assim, mais sentimental. A exuberância da floresta me deixa mais feliz e não será a primeira vez que digo isso: mas a natureza é a minha igreja. É nesse momento que eu mais converso com Deus!
Passamos por muitas quedas d’águas, árvores centenárias, pássaros cantando alegremente! Mas a atenção maior era nas pedras escorregadias e a lama.
Paramos para lanchar próximo as bases de uma antiga ponte que havia na região, onde o rio Mambucaba fica bem mais caudaloso e bonito.
Chegando em Mambucaba
Ao total foram 6 horas e meia de descida. Confesso que achei que demoraríamos mais, por causa da nossa cautela em descer. O carro do guia e amigo Gerson Santos estava lá a nossa espera, deixado pelo querido Seu Tião na manhã desse mesmo dia.
Aliás, no meio da descida encontramos Seu Tião subindo em velocidade máxima! Estava com uma bota ‘Sete Léguas’ branca de borracha que segundo ele é a melhor. Ele estava indo para sua pousada. Isso significa que ele faria os 18 km que estávamos fazendo hoje e mais os 12 km que fizemos no dia de ontem… Eita homem forte! Quero ser assim quando crescer!
Chegamos na ‘ponte de arame’ às 16 horas, pegamos o carro do guia e voltamos para Guaratinguetá, onde deixamos nosso carro.
Veja o vlog desse dia:
Impressões desse destino
Exuberante e rico! A riqueza vem da sua bagagem cultural e histórica, bem como de sua parte hidrográfica, flora e fauna. A cachoeira do Veado é uma das mais lindas que já vi, mesmo ‘podendo’ ver apenas duas das suas três quedas. Trilha bem demarcada, nível fácil para os experientes e média a difícil para os ‘recém criados’ no mundo do trekking. Limpa! E que permaneça assim. Leve seu lixo todo, por favor! Inclusive seu cocô!
Um destino pertinho do eixo Rio-SP, com a opção de uma noite ‘nutela’ na pousada do Seu Tião e uma noite mais ‘raiz’ no acampamento selvagem. Quem sabe, uma trilha de introdução às pessoas que queiram começar a fazer trekking e ter a sensação de como é levar seu sistema de dormir e de comer autoportante, antes de se embrenhar em um trekking de mais dias. Valeu muito a pena!
Contatos do guia e do seu Tião. Obrigado
Infelizmente o guia parou de guiar e do Seu Tião, eu não tenho… Desculpe.