09 de setembro de 2018
Saindo da Casa do Seu Zé
Acordamos cedinho e depois do café da manhã na casa do Seu Zé e D. Maria, arrumamos nossas coisas e junto aos guias da Vara Mato, seguimos cerca de 9 km até a Sede do Parque Estadual do Intendente e Parque Natural Municipal do Tabuleiro.
Assim como os outros dias dessa travessia, amanheceu nublado e ventava um pouco, chegando a fazer frio em alguns momentos.
Mirante da Cachoeira do Tabuleiro
Em 2015, quando estivemos aqui pela primeira vez, queríamos fazer o passeio de um dia até a Cachoeira do Tabuleiro, e na época havia chovido demais na noite anterior, os guardas-parques da sede então não nos deixaram ir até o poço da cachoeira, pois consideravam que estava perigoso esse trajeto, então viemos até esse Mirante, com essa paisagem que está sempre linda.
Sede do Parque
Chegamos na sede do parque, deixamos nossas cargueiras em local seguro, nos abastecemos de água e depois de nos registrarmos com os guardas-parques, descemos a trilha que leva dentro do cânion da Cachoeira do Tabuleiro.
A trilha é uma verdadeira passarela, pavimentada e com corrimões em madeira para fazer o papel de guarda corpo. As escadarias são ora de pedras niveladas, ora de madeira. Tudo muito bem conservado e seguro. Foram quase 20 minutos descendo a trilha e apreciando a linda paisagem.
Da sede até o poço da cachoeira são cerca de 2,5 km, sendo metade essa passarela e a outra metade andando pelas pedras do rio, um pouco mais cansativo e com muito mais aventura.
Andando pelo cânion
Agora sim começaria a caminhada mais ‘dura’ entre as pedras e margem do rio. Sinceramente gosto muito desse tipo de caminhada. A sensação é que as rochas aqui da parte de baixo da Cachoeira do Tabuleiro são maiores que as rochas da parte alta. Apenas pequenos trechos são mais complicados, onde devemos prestar bastante atenção e usar nossa total capacidade de equilíbrio e alongamento.
Sem dúvidas, é o trecho mais bonito de toda a travessia Lapinha x Tabuleiro.
Cachoeira do Tabuleiro por baixo
Deixa eu ver como vou escrever isso. Bom, se não é a cachoeira mais bonita que eu já vi na minha vida, deve estar entre elas. A queda de 273 m de altura é surreal. Aqui pelas fotos você não tem noção de sua grandeza. As águas se perdem pelo caminho e a dança do véu é uma das coisas mais impressionantes que há.
Outra coisa que me deixou admirada sáo as rochas negativas logo abaixo da queda. Forma um vão enorme nessa área. Imaginei descer essa cachoeira de rapel. Indescritível!
Ficamos por ali cerca de 1 hora e meia e eu não entrei na água, estava com dor de garganta e ouvido, devido ao banho de rio do dia anterior e não quis arriscar. O Elio e os demais integrantes do grupo se deliciaram debaixo da queda, que as vezes molhava e outras não, devido ao forte vento que fazia dançar o véu de água.
E eu ali, em meio aquela paisagem ímpar, me deliciando com cada spray que chegava até em mim, curtindo tudo.
O resgate do cachorro
Assim que chegamos no poço havia um cachorro da raça tipo pastor alemão, choramingando por ali. No início pensávamos que ele estava com dois rapazes que chegaram antes de nós, mas depois que eles foram embora, o cachorro continuou ali, chorando. Por sorte, havia uma veterinária ali conosco, que fez uma avaliação no cachorro e percebeu que ele estava com a pata machucada, por isso não conseguia voltar pelas pedras.
Um dos nossos guias se prontificou a trazê-lo nas costas, imagine, se já é um tanto difícil caminhar e se equilibrar nas pedras apenas carregando seu corpo, imagine carregar um animal assustado e desajeitado nas costas. O guia foi um verdadeiro herói nesse momento.
Chegando na parte da passarela, o cachorro conseguiu subir sozinho e foi rapidinho até a sede do parque, onde se refrescou em um rio.
Bom, e eu que tive que subir com minhas próprias pernas (risos) fiz esse trecho em 40 minutos mais ou menos. Mas o mais duro não foram os degraus, e sim o sol forte em cima das nossas cabeças.
De volta a sede
Chegamos na sede e aguardamos nossa van que nos levaria de volta a Belo Horizonte e ao aeroporto.
Impressões desse destino
Mesmo depois de ter passado pela região da Serra do Cipó por mais de 4 vezes, o local ainda nos impressiona. Cachoeiras sempre são bem vindas no nosso currículo, mas confesso que essa foi de arrepiar, principalmente por baixo.
Sobre a travessia Lapinha x Tabuleiro: é muito tranquila de fazer, bem demarcada e apenas alguns trechos podem gerar confusão de rotas, mas nada que um bom GPS e tracklog resolvam. Ir acompanhado de guia é sempre mais tranquilo e assim geramos renda aos amigos locais que vivem dessa linda profissão. Os locais de banho estão bem conservados, limpos e com uma natureza ainda quase que intocada.
A casa do Seu Zé, em feriados, fica mesmo muito cheia e se você for em um feriadão, opte por casas na redondeza do seu Zé, que ficam menos lotadas. Mas se você gosta de uma galera alegre, principalmente depois de um dia cheio de aventura, vale a pena compartilhar momentos em grupo com outros trilheiros.
A cachoeira do Tabuleiro por baixo é excepcionalmente linda e isso não é demagogia. Vale muito a pena. Porque a gente só preserva aquilo que conhece! Conheça o seu Brasil!
Tem vlog desse dia!
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Simplesmente lindo
Verdade Fatima!
Volte sempre!
Beijo
Carla