04 de janeiro de 2018
Saindo de Ollague
Acordamos super cedo e depois de tomar um café da manhã reforçado, preparado pelo guia Christian da Vulcano Expediciones, pegamos uma estrada de terra que nos levava até a Villa de Amincha, a caminho da mina do Vulcão Aucanquilcha, a mina de enxofre mais alta do mundo.
Pela estrada avistamos um lindo nascer do sol.
Mina Aucanquilcha
Essa mina foi considerada a mais alta em altitude no mundo. Sua base fica a 5.000 m e o local de mineração fica a 5.900 m. As pedras de enxofre desciam até a Vila de Amincha por carrinhos suspensos em cabos de aço. Todo o maquinário é considerado uma grande engenhoca, já que na década de 30, por ali, não havia energia elétrica. Os motores funcionavam todos com enormes contra pesos de concreto. A mina fechou na década de 80, após o Chile começar a importar enxofre de seu vizinho (Bolívia) por um custo muito menor.
Visitas as ruínas é uma viagem ao passado da região.
Início da trilha para o Vulcão Aucanquilcha
Deixamos o carro estacionado em umas das curvas do zig-zag a 5.300 m. Essa estrada em zig-zag vai até o ponto principal de extração do enxofre na mina a 5.900 m. Caminhões subiam por essa estrada, mas como está abandonada a muitos anos, está bem deteriorada e temos que fazer esse trecho a pé. Melhor assim, vamos nos aclimatando.
Mina Vulcão Aucanquilcha a 5.900 m
Até aqui o trajeto foi tranquilo. Trilha larga, passos lentos, coração batendo no máximo a 120 BPM. Aqui nessas ruínas pudemos ver uma das crateras do vulcão com uma singela fumarola, indicando que o ‘moço’ ainda está ativo. O cheiro de enxofre no ar também é percebido, mas não tão intenso como no Vulcão Lascar.
Levamos exatos 3 horas para chegar até aqui e segundo o guia, faltava mais 3 horas até o cume. Normalmente os montanhistas que vem aqui fazem o cume e descem em 8 horas.
Nesse ponto, eu já tinha ‘batido’ meu recorde de altitude, pois minha montanha anterior foi de 5.750 m, o Nevado Pisco, no Peru.
Nessas ruínas viviam alguns mineradores e eles foram os seres humanos que viveram em maior altitude já registrado no mundo. Loucura viver aqui: ar rarefeito, frio intenso, cheiro de enxofre…
Chegando aos 6.000 m
Continuamos nossa jornada. Daqui para frente não há mais trilha. Tivemos que andar na encosta pedregosa da montanha. As pedras de enxofre se esfarelavam ao nosso toque e cada passo para cima, escorregávamos dois passos para baixo. Não rende a caminhada nesse trecho. É como andar nas dunas de areia. Muito cansativo, ainda mais em altitude.
Depois passamos pelo trecho mais perigoso na minha opinião. Uma inclinação de 50º que ao pisarmos nas pedras, elas se soltavam e rolavam precipício abaixo. Sempre tive medo de andar em lugares assim, e por isso esse trecho de 150 m de desnível fiz em 1 hora e me desgastei muito.
Meu primeiro 6k
Ao chegar na marca dos 6.020 m, paramos para o último descanso antes de atacar o cume, e o guia veio me perguntar se eu estava bem e se tinha forças para continuar. Disse que sim, que estava tranquila. Ele mencionou que dali para frente a inclinação seria novamente puxada e com pedras rolantes, como no trecho que já tínhamos passado e eu tive dificuldades. Disse ainda que eu precisava pesar a minha decisão, pois teria que guardar energia para descer, já que para descer eu sofro um pouco mais, pois se vejo precipício de frente, meu medo de cair e sair rolando ladeira abaixo é alto.
Foi difícil a decisão, mas decidi parar! O Elio não entendeu muito bem essa minha decisão e como sempre me julgou! 🙁
Subimos todos juntos até o próximo trecho de inclinação e de repente começou a nevar. A nevasca mais forte que já presenciei. Parei no 6.050 m e fiquei ali, fazendo totens e olhando o Elio e o guia continuarem suas jornadas.
O Elio chegou no cume e registrou essas fotos:
Descendo do Vulcão Aucanquilcha
Eles levaram 1 hora e 20 minutos para subir e voltaram em 20 minutos. Se eu tivesse ido junto talvez esse tempo dobrasse. O Elio ao chegar veio me ‘pedir desculpas’ e disse que a minha decisão foi sábia, pois o trecho lá em cima era muito íngreme e perigoso, ainda mais com a nevasca.
Começamos a descer e o tempo fechou mesmo. As nuvens esconderam o céu azul e a neve caiu até chegarmos no carro.
Descendo as ‘dunas’ em 15 minutos
A partir do 5.700 m saímos da estrada e começamos a descer pelas pedras. No início a adrenalina sobe, pois a sensação é de que vamos cair até lá em baixo. Mas depois a gente pega uma certa segurança e desce colocando os calcanhares com força no chão e escorrega um pouco, mas não cai. Descemos 500 m de desnível em 15 minutos. Incrível! Claro que muitas pedrinhas entraram nas botas…
Voltando a San Pedro de Atacama
Chegamos no carro com 7 horas e 44 minutos. Um tempo excelente! Parabéns Elio! Agradecemos o excelente trabalho do guia Christian e voltamos a San Pedro de Atacama.
No dia seguinte, nosso transfer para Calama (Vivi Transfer ou Transportes Alma) chegou uma hora antes do combinado e nos deixou em San Pedro de Atacama. O pessoal do Hostel Mamatierra esqueceu de nos avisar da mudança do horário. Perdemos o transfer e muito dinheiro, pois tivemos que ir a Calama de taxi particular. Nem o Hostel, nem a Vivi Transfer, que inclusive pagamos antecipado, nos reembolsou. Fica o alerta ai! Cuidado com esse transfer e certifique-se com o pessoal do hostel se não houve mudanças nos horários.
Impressões desse destino:
Amamos o Atacama e voltar aqui pela terceira vez foi mais uma realização de um sonho. Voltar para o Salar de Uyuni por outra rota também foi um presente para a gente. Mesmo indo a mesmos locais antes visitados, como Piedras Rojas, a paisagem foi diferente, pois fomos em épocas distintas. E por incrível que pareça, voltaremos em breve, pois ainda tem lugares nesse pedaço de chão que precisamos conhecer. O destino pode ser o mesmo (Atacama) mas os roteiros serão diferentes. E se você conhece a região, sabe do que estou falando…
Tem vlog desse dia de aventura:
Veja a aventura completa nesse menu:
Dia 1 – Pukara de Quitor
Dia 2 – Travessia Salar de Uyuni primeiro dia Saindo de San Pedro de Atacama
Dia 3 – Travessia Salar de Uyuni segundo dia
Dia 4 – Salar de Uyuni: alagado
Dia 5 – Piedras ojas e Lagunas Altiplanicas
Dia 6 – De bike no Valle de la Muerte em San Pedro de Atacama
Dia 7 – Vulcão Lascar 5.500m
Dia 8 – Base do Vulcão Aucanquilcha em Ollague
Dia 9 – Subindo o vulcão Aucanquilcha 6.177m (esse post)