Amapá: chegando no PARNA Tumucumaque

11 de agosto de 2017

Chegando no Amapá

No final do ano passado o Elio conseguiu passagens baratas para Macapá, a capital do Amapá e resolvemos ir conhecer um dos maiores Parques Nacionais do Brasil: o Parque Nacional Montanhas de Tumucumaque. Assim, completamos mais um parque na nossa lista: dos 71 Parques Nacionais, agora conhecemos 23.

Chegamos em Macapá de madrugada e fomos direto para a casa do dono da agência Amapá Ecocamping (Victor) que nos acolheu até a nossa saída que se deu as 6:30 h da manhã. Seguimos para a Serra do Navio, porta de entrada para o parque, em companhia do guia Marcelo e mais um aventureiro Daniel.

De carro até Serra do Navio

De Macapá a Serra do Navio são cerca de 220 km, sendo 120 km em asfalto (que fizemos em 1 hora) e outros 100 km em estrada de chão em condições ruins (em 3 horas).  Em Serra do Navio fomos até o Porto Teresinha, onde pegaríamos o barco para subir 80 km do Rio Amapari, até o parque. No roteiro que nos foi passado anteriormente, estava descrito que o trajeto de barco seria em torno de 4 horas, mas infelizmente não foi bem assim…

No porto encontramos o barqueiro que iria conosco, mas infelizmente ele estava doente e pediu para outro amigo nos levar. O novo piloto demorou para chegar e ficamos quase 3 horas no porto a espera dele e de alguns suprimentos para a nossa expedição.

Com esse atraso, perdemos o almoço previsto na Chácara Castelo e tivemos que comer um delicioso bolo de arroz que a mãe do Victor nos presenteou antes da saída de Macapá. Também experimentamos um delicioso açaí da terra, batido e cremoso. Um sabor sensacional, nada parecido com o açaí que a gente come por aqui no Sudeste. Detalhe: eles apreciam o açaí com churrasco, camarão e peixe e acham até estranho quem come açaí com açúcar.

Aventura no Rio Amapari

Quando embarcamos, logo percebi que não levaria apenas 4 horas para chegar até o parque, pois a embarcação (rabeta) que estávamos era muito lenta, ainda mais com todos os nossos equipamentos e suprimentos para os 4 dias. Talvez se fosse um barco com um motor mais potente, faríamos no tempo previsto. Assim, saímos no horário programado (13:00 h), mas após 4 horas e meia rio acima, ainda estávamos cerca de 2 horas do parque.

A navegação é gostosa, passa por muitas comunidades ribeirinhas e por áreas de Floresta Amazônica, já explorada pelo homem, tanto pela mineração e retirada de árvores de Lei. Sempre imaginei que subiríamos por horas rio acima sem encontrar nenhum morador. Ledo engano. A região às margens do rio é bem povoada.

Paramos em uma dessas comunidades e embarcaram duas cozinheiras que ficariam conosco nesses 4 dias de expedição. O engraçado é que a primeira coisa que uma delas nos perguntou foi: ‘O que vocês vieram fazer aqui nesse fim de mundo?’. Nos pareceu engraçado na hora, mas depois refletindo com calma nessa pergunta, percebemos como os ribeirinhas não dão valor ao tesouro que tem em suas mãos.

  

Em um momento, paramos para abastecer a rabeta na casa dos pais do barqueiro e ganhamos batatas doces plantadas em seu quintal. Ali mesmo podemos visitar o pequeno estaleiro onde o pai do barqueiro estava construindo um barco para ICMBio.

 

 

 

Às 17:30h, ao começar a escurecer, o barqueiro sugeriu que parássemos na casa de um amigo dele para posar, já que o trecho de 2 horas restantes passariam por fortes corredeiras e enfrenta-las a noite seria perigoso. Aceitamos na hora, principalmente eu, que gelei com algumas manobras da rabeta entre as pedras, que foram feitas com plena segurança do ótimo piloto.

Pernoite em casa abandonada

Na casa abandonada (que parecia cenário de Walking Dead) as meninas fizeram nosso delicioso jantar (camarão com arroz regional), sucos e creme de cupuaçu, deliciosos. Tudo à luz de um pequeno gerador a gasolina que nos acompanhou todos os dias da expedição.

 

 

Na casa, a única moradora que veio nos recepcionar, foi uma magra e medrosa cadelinha, que passou bem nesse dia ao comer nosso gostoso jantar. O coração fica apertado em saber que ela estava sozinha ali, sabe Deus quantos dias.

Isso é bem estranho: eu tenho o costume de humanizar os cachorros, pois muitos de nós os adotam como filhos e membros da família. Mas em outras regiões do Brasil e América do Sul, tenho percebido, que os cães são tratados como cães. Do lado de fora da casa, ao relento, comendo os restos das refeições, raramente recebendo um carinho. Reparo isso a alguns anos, principalmente no Peru, Argentina e Chile. Fico chateada, mas tento me convencer que é cultural e não me sentir culpada com isso.

Armamos as redes com os mosquiteiros e fomos descansar. De madrugada acordamos com o som dos bugios, que estavam ali, do nosso lado, nos espreitando! Que delícia dormir assim ao lado da natureza viva, inserida na Floresta Amazônica.

Tem vlog desse dia:

Nosso roteiro no Parna Tumucumaque

Dia 1 – Chegando em Serra do Navio e Parna Tumucumaque – esse post

Dia 2 – Trilhas e banhos dentro do Parna Tumucumaque

Dia 3 – Casa ribeirinha entorno ao Parna Tumucumaque

Dia 4 – Serra do Navio (Lagoa Azul) e Macapá

6 comentários sobre “Amapá: chegando no PARNA Tumucumaque

  1. Nivea Atallah

    Olá Carla,
    Eu tenho a mesma impressão sobre os cachorros. Voltei de Santarém há pouco tempo e já viajei pela Amazônia de Manaus, de Belém… Nessas comunidades ribeirinhas e indígenas a relação das pessoas com os bichos é bem diferente. Acho que nem recebem comida de forma regular, não fazem parte da família, não têm carinho. Por mais que a gente tente entender o fator cultural, não deixa de ser chocante. Fico sempre muito pra baixo.
    No mais, adorei o blog. Lindas fotos e texto! Achei quando procurava sobre o parque.
    Nívea

    1. Admin Autor da Postagem

      Olá Nívea. Sim, sinto a mesma dor no peito que você sobre o tratamento dos cachorros naquela região. Que bom que encontrou o que queria aqui no blog. Obrigada pelo carinho e volte sempre. Beijo.
      Carla

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